terça-feira, 16 de agosto de 2016

Me perdi de mim


Há algum tempo eu me perdi de mim. Me encontrei sem gostos, sem músicas, sem sabores… Percebi que fui me tornando cada vez mais ele do que eu mesma. E descobri que ao me tornar ele, perdi o que ele um dia amou em mim.  E me perceber nos olhos dele foi um dos golpes mais fatais. Não gostei de mim.
Mas não me encontrar em mim mesma foi o mais assustador. Entrei em uma caçada onde meu único objetivo era descobrir quem eu sou. Não quem eu fui, ou quem eu me tornei. Mas quem eu sou agora. E foi me vendo nos olhos dos outros que encontrei os melhores caminhos. Amigos, amantes, minhas filhas…
De cada olhar eu pesquei alguma coisa. E ainda falta muito. Lembrei de músicas que eu gostava e ouvi cada uma novamente pra descobrir se ela ainda me toca. Assisti filmes, li trechos de livros. Reencontrei amigos queridos, diários antigos, cartas que nunca enviei.
Buscando quem eu era descobri o quanto cresci, o quanto mudei. Eu não sou mais a mesma de quando me perdi. Nem de quando ele me perdeu.
O caminho é longo, e muitas vezes solitário. Precisar saber o que os outros enxergam em mim é um exercício árduo pra quem não quer viver com a preocupação de ser o que os outros esperam.
E também preciso batalhar contra a vontade de ser quem eu gostaria… o que é muito diferente de ser quem eu sou. Mentir pra mim mesma seria um erro dos mais graves.
Não quero ser alguém a quem um outro alguém amaria. Simplesmente. Mas tenho que conviver com o medo de descobrir que não sou esse alguém.
Quero simplesmente descobrir a mim mesma.
Não é tão simples…


Por: Clara Stark

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